O marionetista
-Parte 1 - Palco quebrado
Vou começar esse texto de onde ele deve começar, eu tô levemente triste. Provavelmente é um sintoma de uma ressaca brava, mas quem nunca. Eu to levemente triste porque em algum momento eu tenho a impressão de que eu tava me me apresentando num palco, em que o chão quebrou recentemente. Talvez tenha sido quando eu estive deitado no meio da calçada às 23:00 de uma sexta feira que eu tive a impressão de que eu fiquei sem chão? Talvez sim, talvez não haha. Vai estar bem mais pro não do que pro sim, porque naquela hora eu só pensava em como que daria pra voltar a vida.
Parte 2 - Duas imagens
Você já olhou para um acontecimento e as entrelinhas de repente ficaram muito claras? Eu gosto de escrever aqui, porque têm vezes que eu quero expor um sentimento ou pelo menos um entendimento sobre o que eu passo e volte e meia quando eu revisito alguns textos eu sei que eu queria esconder algo, mas ao mesmo tempo gostaria de me expor deixar trilhas de pão para que alguém muito interessado, tipo... eu mesmo só que do futuro kkkk. Eu racionalizo algum motivo, tipo quando você já tem uma conclusão e só começa a montar as evidências praquilo? Já diria um amigo meuredacted essa cara de santo não me engana. Eu ainda acho que talvez esse não seja o melhor fórum (aka publicamente), como se alguém que quisesse juntar material para o meu tribunal hipotético acharia várias provas de quão falho eu sou, mas eu gosto do meu próprio spotlight como um clássico tipo 3 do enneagram e como um bom INFP com suas peculiaridades, meu racional pra continuar sem medo desse meu tribunal hipotético normalmente é: quem não deve, não teme.
Não seria surpresa pra vocês se eu dissesse que eu tenho uma imagem pública e eu tenho uma imagem privada, uma versão sua que vc mostra para as pessoas e uma versão sua que você tem para você, eu chutaria que todo mundo tem (mas pode ser o viés de achar que as pessoas entendem o mundo da maneira que você entende). Eu, no meu esforço de proteger o que é meu core value do tipo 3 medo "of being worthless", gasto uma quantidade considerável de energia para montar a minha imagem pública. Até mesmo nos meus textos, que são o segundo lugar favorito (as primeiras são em conversas pessoais) de expor a minha imagem privada, têm vezes em que dá pra ver a minha imagem pública tomando conta com a sua incompletude (é claro que a incompletude é mais perceptível para mim, porque fui eu que a criei). A verdade é que eu sempre gosto de montar imagens com dicotomias. Eu gosto de montar o esteriótipo e de de repente inverter o script, de puxar o tapete. De surpreender. E essa dicotomia vêm com suas peculiaridades, porque para surpreender primeiro é necessário criar a expectativa. É necessário montar a imagem, sendo consistente, criando uma narrativa e alinhando as peças para que quando a se chegue ao clímax, as coisas sejam reveladas e se tenha uma surpresa.
Parte 3 - A marionete
Mas ontem, no role, foi diferente, foi estranho. Eu me senti só como uma casca, sem q uma entidade de fato a controlasse, olhando em retrospecto parece q plano era só ficar maluco, mas esse nunca foi meu plano antes, pelo menos não nas vezes em que eu comecei a beber. Já tive planos, já tive ideias, mas todas as vezes que eu morri foi diferente: não tem plano. Ontem parecia que eu tava perseguindo uma sensação que não existia, na realidade jamais existiu. Eu morri e revivi. Depois de estar deitado na calçada (q fase meus amigos), eu cheguei a conclusão que algo estava errado.E hoje (rsrs, esses ultimos parágrafos tão sendo escritos 3 meses depois do fato inicial) a minha conclusão é que eu estava correndo atrás da minha imagem pública, da caricatura que eu criei de mim. Quem estava em controle não era o Jo, mas sim a imagem pública do Jo, a imagem do que eu queria ser naquele momento: vb, animado e dançante (não que eu não seja isso privadamente, mas quase parecia que tinha algo a se provado pela imagem pública).
To understand how, we must consider how people come to define themselves. A person's identity is being constantly refined, so it needs constant feedback. That feedback typically comes from other people, not so much by what they say they see as by what we think they see. We develop our personalities by imagining ourselves through others' eyes, using their borrowed gazes like mirrors to dress ourselves.
[...]
Put simply, in order to be someone, we need someone to be someone for. Our personalities develop as a role we perform for other people, fulfilling the expectations we think they have of us. The American sociologist Charles Cooley dubbed this phenomenon “the looking glass self.” Evidence for it is diverse, and includes the everyday experience of seeing ourselves through imagined eyes in social situations (the spotlight effect), the tendency for people to alter their behavior when in the presence of pictures of eyes (the watching-eye effect), and the tendency for people in virtual spaces to adopt the traits of their avatars in an attempt to fulfill expectations (the Proteus effect).
Retirado de The Perils of Audience Capture
Acordei da calçada perdido, sem consequências, sem um plano e por mais estranho que pareça a segunda parte do role foi uma volta ao início. Pareceu que o Jo original tomou as rédias de volta e estava mais conscientemente tomando decisões fazendo outras coisas que eu costumava gostar de fazer nos roles: perguntar perguntas estranhas para as pessoas, apreciando as respostas e adicionando aos modelos mentais pessoais. Até então tem funcionado bem, apesar de terem sido só mais alguns roles desde então, tenho a impressão de estar sendo mais consciente nessas tomadas de decisões.
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